CURSO
FRANCISCANO DE VERÃO
MARIA
VALDICELIA CAVALCANTE LOPES
A
semana extra “Poética e Mística” nos possibilitou uma pertinente reflexão ao
percorrer as fronteiras da ciência e do pensamento filosófico na tentativa de
não deixar o espírito a parte do conhecimento e aproximar a poética da mística.
Por isso, escrever esta avaliação dá visibilidade à construção realizada
durante esses dias, e creio no que disse Manoel de Barros, até porque não é
mentira, “Tudo o que inventamos está no que escrevemos”.
Trilhar
os caminhos da poética nos revela na profundeza da espiritualidade
francisclariana o nosso ser intuitivo. Enquanto o caminho da mística revela-nos
os esponsais através do pensamento clariano trazido por Frei José Carlos
Pedroso que resgata o feminino na espiritualidade franciscana por entender que
Francisco não pode ser desvinculado de clara.
Compreende-se
que o pensamento francisclariano contempla a inteireza do ser em sua
exterioridade e interioridade, e seu fundamento primeiro está no que
Bachelard chama de dialética do animus e
da anima, trabalhado por Jung na psicologia e por Frei José Carlos em suas
obras o Cristo de Clara e Abrace o Cristo pobre.
Os
pólos feminino e masculino,
compreendidos em cada ser mulher e em cada ser homem podem ser
potencializados na relação quadripolares (Bachelard), quando nos abrimos a
comunhão de almas: O homem com sua anima e seu animus e a mulher com sua anima
e seu animus.O Método da Poética dos Devaneios de Bachelar nos colocou em cheio
na mística francisclariana da contemplação por abrir um caminho a
universalização do pensamento elaborado foi
Frei José Carlos Pedroso.
Ao
analisarmos a história do pensamento filosófico nos sentimos alertados para a
necessidade de resgatar a ciência ao poético e a filosofia a mística. Daí trazer
o pensamento Heiddeggeriano significa resgatar do ser o seu sagrado em uma
época de fraqueza de sentido para devolvê-lo em forma de diálogo com as
realidades contemporânea através da contemplação, como propõe Thomas Merton
através da vida interior e vida exterior.
O
existencialismo só vai existir através da pessoa e que por sua vez necessita da
poética e da mística onde a experiência se realiza no percurso das vias
purgativas, iluminista
e unitiva, e que pode ser vivida na espiritualidade dos esponsais. Os esponsais
nos deslocam do local do gênero por transcender essa realidade e nos colocar na
experiência.
Toda
essa percepção foi viabilizada pelo percurso elaborado e proposto pelo
brilhante e sensível pensador Edvaldo Bortoleto, que se manteve atento as
fronteiras de cada pensamento, deslocando ao pensamento francisclariano
fundamentos e estruturas para que em forma de diálogo viabilizem uma estrutura
universal do pensamento. Permitindo devolver a ciência o espírito, cumprindo
assim, o ajoelhar-se da mística e da teologia diante da filosofia como diz Frei
Vitorio Mazzuco e vice-versa numa nova construção.
A
sugestão para uma continuidade de estudo seria trazer o pensamento de outros
pensadores contemplativos como Edith Stein e ou outras mulheres que possam
favorecer a uma reflexão sobre a possibilidade de filosofia e teologia dos
esponsais.