segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

SEMANA EXTRA: POÉTICA E MÍSTICA – JAN/2013


CURSO FRANCISCANO DE VERÃO

 MARIA VALDICELIA CAVALCANTE LOPES

A semana extra “Poética e Mística” nos possibilitou uma pertinente reflexão ao percorrer as fronteiras da ciência e do pensamento filosófico na tentativa de não deixar o espírito a parte do conhecimento e aproximar a poética da mística. Por isso, escrever esta avaliação dá visibilidade à construção realizada durante esses dias, e creio no que disse Manoel de Barros, até porque não é mentira, “Tudo o que inventamos está no que escrevemos”.

Trilhar os caminhos da poética nos revela na profundeza da espiritualidade francisclariana o nosso ser intuitivo. Enquanto o caminho da mística revela-nos os esponsais através do pensamento clariano trazido por Frei José Carlos Pedroso que resgata o feminino na espiritualidade franciscana por entender que Francisco não pode ser desvinculado de clara.

Compreende-se que o pensamento francisclariano contempla a inteireza do ser em sua exterioridade e interioridade, e seu fundamento primeiro está no que Bachelard  chama de dialética do animus e da anima, trabalhado por Jung na psicologia e por Frei José Carlos em suas obras o Cristo de Clara e Abrace o Cristo pobre.

Os pólos feminino e masculino,  compreendidos em cada ser mulher e em cada ser homem podem ser potencializados na relação quadripolares (Bachelard), quando nos abrimos a comunhão de almas: O homem com sua anima e seu animus e a mulher com sua anima e seu animus.O Método da Poética dos Devaneios de Bachelar nos colocou em cheio na mística francisclariana da contemplação por abrir um caminho a universalização do pensamento elaborado foi  Frei José Carlos Pedroso.

Ao analisarmos a história do pensamento filosófico nos sentimos alertados para a necessidade de resgatar a ciência ao poético e a filosofia a mística. Daí trazer o pensamento Heiddeggeriano significa resgatar do ser o seu sagrado em uma época de fraqueza de sentido para devolvê-lo em forma de diálogo com as realidades contemporânea através da contemplação, como propõe Thomas Merton através da vida interior e vida exterior.

O existencialismo só vai existir através da pessoa e que por sua vez necessita da poética e da mística onde a experiência se realiza no percurso das vias purgativas, iluminista e unitiva, e que pode ser vivida na espiritualidade dos esponsais. Os esponsais nos deslocam do local do gênero por transcender essa realidade e nos colocar na experiência.

Toda essa percepção foi viabilizada pelo percurso elaborado e proposto pelo brilhante e sensível pensador Edvaldo Bortoleto, que se manteve atento as fronteiras de cada pensamento, deslocando ao pensamento francisclariano fundamentos e estruturas para que em forma de diálogo viabilizem uma estrutura universal do pensamento. Permitindo devolver a ciência o espírito, cumprindo assim, o ajoelhar-se da mística e da teologia diante da filosofia como diz Frei Vitorio Mazzuco  e vice-versa  numa nova construção.

A sugestão para uma continuidade de estudo seria trazer o pensamento de outros pensadores contemplativos como Edith Stein e ou outras mulheres que possam favorecer a uma reflexão sobre a possibilidade de filosofia e teologia dos esponsais.


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